O tema da redação da Fuvest deste ano pegou muitos candidatos de surpresa. Isso porque a banca examinadora exigiu uma dissertação sobre um assunto que não é lá muito objetivo: “As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?”.
A escolha do tema rompeu uma tendência verificada nos últimos anos pelo vestibular da Fuvest de abordar temas factuais, que permitem uma relação mais óbvia com os fatos do cotidiano. As provas de redação mais recentes exigiam dissertações sobre consumo, envelhecimento populacional e segregação social. Estes assuntos costumam estar mais presentes na mídia e podem ser acompanhados pela leitura de revistas, jornais e sites – estudando atualidades, enfim.
Mas como se preparar diante de um tema tão abrangente e subjetivo como utopia?
A resposta é simples: estudando atualidade!
Não que você encontre todo dia na imprensa um artigo sobre a importância das utopias. Mas, ao acompanhar o noticiário e conhecer melhor os temas que mobilizam a sociedade, você tem um leque de opções para conseguir fazer as relações necessárias com o tema proposto.
Veja alguns exemplos:
– Desde 2013, o Movimento Passe Livre ganhou projeção ao exigir tarifa zero para o transporte público em São Paulo. Trata-se de uma reivindicação utópica? Muitos diriam que sim, mas a mobilização organizada pressionou o poder público de tal forma que prefeito e governador se viram forçados a revogar o aumento da tarifa de ônibus e metrô naquela época. Ao mirar uma suposta utopia, o movimento conseguiu extrair concessões dos governantes.
– Em 2011, a população síria foi às ruas protestar contra a crise econômica e a falta de liberdade. O resultado é sabido: após a repressão violenta do governo, a Síria mergulhou em uma guerra civil que provocou uma tragédia humanitária de enormes proporções, deixando um país em escombros e milhares de mortos. Neste caso, teria sido nociva a utopia de uma sociedade mais justa e igualitária?
São apenas algumas situações que permitiriam iniciar uma discussão sobre as utopias, especialmente em um momento em que há uma ebulição de manifestações populares em todo o mundo, que pressionam o poder público a aceitar as mais diversas demandas da população.
É diante de um tema tão complexo como este que o estudo de atualidades mostra-se ainda mais essencial. O acompanhamento do noticiário certamente irá ajudá-lo a responder questões específicas – que vão da crise migratória ao trabalho escravo atual, conforme exigiu a segunda fase da Fuvest. Mas não é só isso. A leitura constante de livros, jornais e revistas permite que você amplie o seu repertório e fique mais preparado para estabelecer conexões entre diversos os fatos cotidianos e outras disciplinas: o que a história nos diz sobre a política atual? De que forma a sociedade de hoje dialoga com a filosofia? São qualidades como essas que vestibulares como o da Fuvest buscam em um candidato.
Portanto, não encare o estudo de atualidades apenas como necessário para responder aquela questão específica sobre o Estado Islâmico. Quanto mais antenado no noticiário você estiver, maior serão as suas chances de se dar bem na redação sobre um tema aparentemente tão abstrato como utopia. Além disso, tenha em mente que a sua preparação não termina após ver seu nome na lista de aprovados no vestibular. Saber absorver e interpretar os acontecimentos da sociedade em que você vive é requisito básico para o seu sucesso acadêmico e profissional também.
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