Essência da Criança

Essência da Criança
A criança sente prazer em brincar isto é indiscutível e o brincar acarreta experiência cada vez mais importante para o seu desenvolvimento. Pois se as experiências já são importantes para o adulto imagine para a criança o quanto não se faz importante tais experiências vivenciadas no brincar, como afirma Winnicott (1982) ao dizer que através do brincar e da fantasia a criança aumenta seu repertório de experiências com o meio e com outras crianças.

A infância é um momento em que ocorrem muitas mudanças onde à fantasia traz novos sentidos, sentidos estes que acompanham certa semelhança com a vida que as rodeiam, além que acompanharem expressões corporais, psicológicas, sociais e afetivas. Percebemos então que as brincadeiras e experiências lúdicas vividas pelas crianças representam seu cotidiano com o mundo dos adultos.
A infância deve ser encarada como uma fase em que o aprendizado deve ser dado de maneira coerente à linguagem da criança, lembrando sempre que o “brinquedo constitui um período de movimento dinâmico” (Pickard, 1975 p 121), ou seja, o brinquedo ou o brincar possibilita a aprendizagem de novas atividades e conceitos que vivem nesta fase em constante mudança.
A infância não é um período que se devem mascarar os sentimentos e ações da criança, mas sim de encoraja – lá a utilizar tais sentimentos e ações para construção de uma formação plena e saudável, sempre buscando transformar os aspectos positivos em ações e conceitos exteriores.
Essência da Criança
A infância retrata grande interesse em movimentar-se, ou seja, pular, correr, saltar, subir e tantas outras expressões que demonstra as capacidades físicas da criança, mas nota-se em cada atividade realizada o faz-de-conta, a fantasia, o lúdico está presente regendo suas ações e brincadeiras.
Assim o lúdico e a fantasia facilitam a assimilação e acomodação de inúmeros conceitos e conteúdos, pois aprender no meio que mais conhecem e gostam a brincadeira, é sempre prazeroso e seus ensinamentos se tornam duradouros.
Mas o brincar e sua importância começaram a ser esquecidos devido ao um desenvolvimento cada vez mais globalizado da sociedade que impõe à criança os deveres de comportamentos e de pensamentos, minimizando o direito incondicional ao brincar.
Visando este direito do brincar, da expressão e do sonhar surgiu como resposta a esta situação, espaços direcionados ao estímulo do brincar as chamadas brinquedotecas, que cada vez vem alcançando públicos com faixas etárias diferentes e surgindo como estratégia de ensino em muitas instituições que entendem o brincar como direito e ensino.
Conceito este que traz uma proposta de oferecer a infância o resgate do brincar e de novas experiências lúdicas, aumentando seu repertório afetivo, cognitivo, motor e afetivo.
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Confira uma Mensagem que recebemos por E-mail sobre a Essência da Criança:
- Ser criança é assim... Correr até acabar o fôlego, rolar pelo chão sem medo de se sujar, falar o que vier na cabeça e fazer de qualquer coisa uma brincadeira. Época da vida da qual temos saudades quando envelhecemos. 
- E é exatamente nesta data dedicada a todos esses pequenos seres, que têm a inocência como principal característica, que devemos não só valorizar a vitalidade infantil, como também procurar resgatar a essência da criança.
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A essência da infância

Como a convivência íntima com os filhos é capaz de transformar a relação das crianças consigo mesmas e com o mundo

Escrito por: Débora Zanelato

A essência da infância
CRIANÇAS permanentemente distraídas com o celular ou o tablet. Agenda cheia de tarefas e aulas depois da escola. Pais que não conseguem impor limites e falar “não”. Os momentos de lazer que fi caram restritos ao shopping center, em vez de descobertas ao ar livre. Quais as implicações desse conjunto de hábitos e comportamentos para os nossos fi lhos? Para o pediatra Daniel Becker, esses têm sido verdadeiros pecados cometidos à infância, que prejudicarão as crianças até a vida adulta. Pioneiro da Pediatria Integral, prática que amplia o olhar e o cuidado para promover o desenvolvimento pleno e o bem-estar da criança e da família, Daniel defende que devemos estar mais próximos dos pequenos – esse, sim, é o melhor presente a ser oferecido. E que desenvolver  intimidade com as crianças, além de um tempo reservado ao lazer com elas, faz a diferença. Para o bem-estar delas e para toda a família. 

 Você diz que a “entronização” é um dos maiores pecados que estamos cometendo com as crianças. Por que as estamos colocando em um trono? 
Os pais perderam a intimidade com os fi lhos. Convivem pouco com essas crianças. É difícil dizer não para uma pessoa que você mal conhece. Para um amigo íntimo, é muito mais fácil. É o mesmo que acontece com os fi lhos. Sem essa proximidade e convivência, os pais não conhecem seus fi lhos, não sabem lidar com eles e são incapazes de frustrá-los, de dizer não. E o não é extremamente importante para a criança. Ela enlouquece quando não tem um não. Estamos em um momento de hipervalorização da infância, mas, em sua essência, essa fase da vida tem sido muito desvalorizada. A criança acaba sem direitos de se manifestar, inclusive de forma negativa, que faz parte do comportamento infantil. Os pais também não querem a desaprovação social de um menino ou uma menina que chora, faz birra ou se comporta mal. Aí, o pequeno acaba tendo todos os desejos realizados, porque os adultos, em geral, preferem não correr o risco de frustrá-lo. Para calar o chilique, a gente cede. E o que vemos são crianças de 3 anos que comandam a vida da família inteira. Mandam em tudo: na escola, no programa do fi nal de semana, na TV, no restaurante aonde eles vão. E isso traz muitos prejuízos para a garotada. O menino ou a menina precisam saber que não são o centro, que há limites. Quando chegarem à vida adulta, podem ter difi culdades nos relacionamentos, pessoais e profi ssionais. 

 E qual é o mal do que você chama de “superproteção da infância”? 
É quando os pais se interpõem entre a experiência da criança e o mundo. Os fi lhos fi cam impedidos de lidar com o risco, com a dor, com o machucado. Não pode cortar o dedo numa brincadeira, não pode levar uma bronca do professor. Claro que não queremos que nossos fi lhos se machuquem, mas certas situações fazem parte do brincar. Colocando-se entre a criança e o mundo, os pais criam seres narcisistas, que se acham o máximo, que acreditam que podem fazer o que querem.

 De que forma a tecnologia tem infl uenciado essa relação? 
A tecnologia é uma dimensão da nossa vida. Hoje o celular é televisão, loja, livro, cinema, brinquedo, meteorologista, até médico. O problema é a forma como utilizamos essa tecnologia. O excesso do uso do smartphone nos tira do convívio com o outro. Nos faz mergulhar em uma distração sem fi m, que nos remove do momento presente, dos relacionamentos, do afeto. Confunde o tempo de trabalho com o tempo de lazer e família, não preservando momentos fundamentais, justamente o período que deveríamos passar com os nossos fi lhos. Tira a comunicação, o olhar. As referências eram os pais e a família. E agora essas referências se diluem e se tornam apenas a mídia do smartphone, que está sempre ao nosso  lado. Esse excesso de uso, que nos remove das relações mais importantes, é bastante perigoso.
 
E pais que permanecem muito tempo online, qual é a consequência disso?
 A gente tem se queixado que as crianças fi cam no smartphone, mas os pais que oferecem o aparelho aos fi lhos fazem isso para ter sossego e para eles próprios fi carem no smartphone, para que tenham um pouco de tempo para si. O problema, repito, é o exagero. Há pais que, enquanto examino o fi lho durante a consulta médica, fi cam no celular. Estamos tomados por esses acessórios. Então é preciso analisar o contexto da família. O que está levando a esse excesso de imersão da criança no smartphone? Não adianta colocar toda a culpa na família; precisamos entender o contexto social e, a partir disso, propor mudanças e atitudes transformadoras. Qual comportamento estamos mostrando para os pequenos? Existe relação sem telefone? Onde a gente não leva o telefone? Vamos para o parque sem os aparelhos? Nas viagens de carro, há momentos de conversa? E durante as refeições? 

 Qual a importância de os pais acompanharem o que as crianças assistem, por exemplo? Repare em todos os desenhos onde existe pai e mãe. Veja como esse pai e essa mãe são representados. É impressionante. Sem teorias conspiratórias, mas muitos desenhos são bancados por publicidade. E a quem interessa dizer à criança que o pai é bobinho? A ridicularizá-lo? Se o papai diz que não é bom, ele é bobo, não sabe de nada. É dessa forma que os pais são retratados em inúmeras animações. Essa desautorização da família vem de um processo midiático e publicitário muito inteligente. Você acha que isso é à toa? Eu acho que a criança pode assistir TV, se os pais estiverem por perto e fazendo uma mediação; se interagir com a criança enquanto ela assiste ao desenho e desenvolver essa visão crítica nela sobre como os pais estão sendo retratados, há salvação. Mas, se a criança está imersa, sem os pais por perto, é muito difícil que não absorva esses valores distorcidos.
 Você defende que a criança precisa do tédio, de um tempo para não fazer nada. O que seria isso? A vida urbana não permite que a criança  extravase sua energia. Tem criança que fi ca de oito a dez horas conectada a aparelhos, seja o smartphone, o tablet ou mesmo a TV. Elas não têm mais direito a um momento de consciência. Elas fi cam o tempo todo distraídas, ocupadas. E o tédio é a fonte da criatividade. A mente vazia é aquela voltada para si mesma, com pensamentos mais autorreflexivos. É aí que vai surgir a criatividade, e não em uma mente preocupada em consumir conteúdo que só a distrai, como nos celulares. Aula de inglês, vôlei, natação são bacanas, pois a aquisição de habilidades é ótima. Mas desde que venha contrabalanceada com horas livres. A criança precisa de tempo desestruturado para brincar. E não fazer só um roteiro estipulado pelos outros, só absorver as mensagens externas. Ela precisa da possibilidade de chegar em casa e brincar com o que quiser, ou ir para o parque e se divertir como preferir. Brincar sozinho também é uma atividade geradora de inteligência, de criatividade, de lidar consigo mesmo. O brincar é uma arte que simula a vida. A criança que sabe brincar é um adulto que sabe viver. Os pais precisam inserir seu fi lho em um mundo onde há brinquedos, em que ele pode assumir o papel ativo, criar um roteiro, dizer quem é aquele personagem que inventou. Se você oferece um boneco do Homem Aranha, por exemplo, o roteiro já está dado. Não há imaginação. O tédio não é deixar o fi lho sem fazer nada. É permitir, por exemplo, que ele possa fi car no balanço de uma pracinha. Sobe e desce. É um momento dela com ela mesma, uma meditação.

E o que dizer sobre as formas de lazer que as crianças têm? 

Percebo que cada vez mais pessoas preferem o shopping center ao parque. E o shopping nada mais é do que a extensão desse sistema de consumo, de publicidade. O lazer virou consumo, o consumo virou lazer. Nesse centro de compras, a criança vai ter a continuidade das mensagens que recebeu na TV, no celular, no tablet. Ela viu o anúncio do brinquedo e vai chegar no shopping e ir correndo para a loja. Muitas famílias desperdiçam recursos preciosos comprando brinquedos caros que já vêm com o script pronto, não oferecendo um bom mecanismo de desenvolvimento à criança. É uma pena que o lazer esteja se tornando o shopping. A natureza é ótima para a família como um todo. Tenho  trabalhado para que esse tema vire uma bandeira de toda a sociedade. O lazer externo traz inúmeros benefícios. Ele afasta um pouco a gente da tela. Não dá para andar de bicicleta, correr ou subir na árvore com um tablet na mão. Também é uma forma de melhorar o convívio direto e interativo entre pais e fi lhos. Além disso, essas crianças vão ver crianças diferentes, branco vai ver negro, criança pobre vendo criança rica. O convívio com as diversidades gera empatia e compreensão das diferenças. Além, é claro, dos benefícios da própria vivência ao ar livre, o sol, o vento, as árvores. Eles reduzem agressividade, alergias, distúrbios do sono, melhoram a socialização e aumentam a i nteligência, além de outros inúmeros benefícios comprovados cientificamente.

DANIEL BECKER é pediatra formado pela UFRJ e mestre em Saúde Pública pela FIOCRUZ. Foi pediatra do Médicos sem Fronteiras na Tailândia e um dos criadores do Programa de Saúde da Família. Fundou e trabalhou no Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), ONG que é referência em saúde de comunidades populares. É pioneiro da Pediatria Integral e também atua como palestrante, escritor e consultor de fundações e empresas

Fonte: vidasimples

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