Projeto: Meus amigos são coloridos |
“A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo.”
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
Nelson Mandela
APRESENTAÇÃO
Denomina-se racismo a discriminação social que tem por base um conjunto de julgamentos pré-concebidos que avalia as pessoas de acordo com suas características físicas, em especial a cor da pele. As injustiças sociais figuram entre seus desdobramentos mais determinantes no campo social, uma vez que essas são a chave para entender as pronunciadas desigualdades que assolam o país.
Nesse contexto, o projeto “Meus amigos são coloridos”, idealizado inicialmente para atender as crianças do 1º ano da Escola Municipal Leon Renault em Brumadinho, surge como uma arma difusora, a fim de prevenir e combater o racismo na escola.
Para servir a tal propósito, o projeto se propõe a criar uma nova ambiência racial na escola, de modo a ofertar às crianças elementos que os levem a criar vínculos indenitários positivos com as diferentes etnias, isto é, a valorizar a diversidade humana. Tais vínculos contribuiriam tanto para a redução do racismo, quanto para o incremento da autoestima do ser humano.
Além disso, pretende-se revisar as práticas e materiais pedagógicos adotados até então no ambiente escolar com o intuito de eliminar a figuração predominante de determinado grupo étnico nesses recursos, materializar a promoção à diversidade e empoderar igualmente todos os grupos.
JUSTIFICATIVA
O presente projeto teve sua gênese na necessidade de colocar evidência e combater os diferentes meios de perpetuação do racismo na escola, que se processam de maneira velada.
Esse modo de perpetuação quase invisível dificulta a intervenção, uma vez que suprimir uma série de práticas cuja motivação não é claramente assumida constitui tarefa para a qual se carece de métodos tradicionais eficazes.
A isso se soma o fato de crianças não serem naturalmente preconceituosas, de aprenderem a o ser com adultos e, portanto, poderem também ser direcionadas antes da formação do caráter primordial (que se dá até os sete anos, segundo especialistas) para abraçar a diversidade.
Dessa maneira, aproveitar essa fase singular da vida de todo ser humano que é a infância por meio da valorização sentimentos e valores positivos que as crianças trazem em si, configura uma abordagem alternativa com a potencialidade de não apenas combater as indesejáveis práticas fundamentadas em ideais racistas e sua perpetuação, como também evitar suas instaurações.
OBJETIVO GERAL
Prevenir e combater práticas fundamentadas em ideais racistas, bem como sua perpetuação por meio da educação das crianças voltada para a diversidade e respeito às diferenças.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Promover a ampliação da visibilidade e a valorização das manifestações socioculturais ligadas às culturas africanas, bem como de seus praticantes no ambiente escolar visando sua extensão aos demais ambientes e a redução do racismo;
· Ampliar a reflexão, o diálogo e a conscientização sobre o processo de formação da sociedade brasileira;
· Estimular o posicionamento crítico frente à realidade social vivenciada por meio de rodas de conversa pautadas por discussões voltadas ao negro e sua inserção na sociedade brasileira;
· Possibilitar uma reflexão da prática pedagógica frente à diversidade étnico-racial, a fim de diminuir e até mesmo erradicar as desigualdades sócio raciais no que tange ao ambiente escolar.
TEMPO ESTIMADO: 1 ano
PÚBLICO ALVO: Alunos do 1° ano.
MATERIAL NECESSÁRIO
Livros didáticos e de literatura, filmes, murais, sequências didáticas, caderno de anotações compartilhado e questionários de diagnóstico, acompanhamento e avaliação.
MÉTODO
O projeto será conduzido na Escola municipal Leon Renault no 1º ano do ensino fundamental e terá sua introdução feita aos alunos por meio de uma apresentação das raízes da cultura africana, isto é, uma exposição em vídeo contemplando aspectos culturais que se manifestavam antes do deslocamento de populações pelo tráfico negreiro. Posteriormente à exibição do vídeo, planeja-se o desenvolvimento de atividades dentro e fora de sala de aula, a fim de consolidar, ampliar e propagar o conhecimento adquirido na apresentação inicial. Entre essas atividades programadas figuram a produção de texto coletivo e individual, o trabalho com tintas, a pintura facial e a fixação cartazes nos ambiente escolar, tanto dentro quanto fora das salas de aula. Cabe ressaltar que as atividades ministradas terão acompanhamento pedagógico e caráter interdisciplinar.
Além disso, a fim de estimular a convivência harmoniosa com as diferenças, intenciona-se programar uma série de visitas de membros da comunidade local que possuem contato direto com ritos, práticas e costumes que remetem à cultura afro-brasileira, a saber, um capoeirista da comunidade quilombola e o senhor Cambão, líder de uma comunidade quilombola de Marinhos. Durante tais visitas pretende-se criar um ambiente seguro de conversa sobre a cultura local, propiciar a apresentação da arte da capoeira e do congado, bem como promover a troca de experiências e casos de antepassados, com ênfase nos relatos sobre as condições de vida dos familiares do senhor Cambão, escravos da Fazenda dos Martins.
Em outro momento será apresentado para as crianças o processo histórico da formação da população negra no Brasil por meio de uma visita à Fazenda dos Martins, antiga fazenda do município do século VIII que funcionara como um grande centro de distribuição de escravos de Minas Gerais. Pretende-se que a explanação sobre as ocupações e funções desempenhadas pelos negros no contexto da referida fazenda sirva como iniciador de uma troca de ideias acerca da inserção da população afro-brasileira na sociedade.
Ainda é prevista a preparação e encenação de peças de teatro que abordem os dilemas e aspectos gerais de diferentes grupos étnicos nas festas e datas comemorativas da escola, de modo a transformar os encontros coletivos do ambiente escolar em difusores de cultura e da convivência harmoniosa com a pluralidade cultural.
Vídeos: Os vídeos exibidos ao longo do desenvolvimento do projeto provêm da bibliografia indicada do curso de Pós Graduação em Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Escola da Universidade Federal de Minas Gerais.
Livros trabalhados: “Minha família é colorida”, “Por que Somos de Cores Diferentes?”, “Ninguém é igual a Ninguém”, “As Tranças de Bintou”, “A Bonequinha Preta”, “Menina Bonita do Laço de Fita”, “O menino Marrom e Bruna” e “Galinha D’Angola”.
AVALIAÇÃO
As atitudes preconceituosas devem diminuir na escola e na família. Indagações serão levantadas. Que mudanças foram observadas? Quais atividades você considera de maior relevância? As respostas servirão de orientação para novas práticas.
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