Escola é essencial, mas não substitui a essência dos pais.


As aulas começaram e as mamães estão livres! Se você concorda com essa frase, sinto lhe informar que vou acabar com a sua alegria.

Com o passar dos anos, a confusão que se formou em torno das funções da escola e da família piorou muito. A criação dos filhos está sendo terceirizada para escolas, babás e avós. Mães e pais dedicam pouquíssimo tempo aos seus filhos, e têm deixado de lado o acompanhamento da aprendizagem deles – acreditando que a escola é responsável não só por isso, mas pela transmissão de valores.

Escola é essencial, mas não substitui a essência dos pais.
Escola é essencial, mas não substitui a essência dos pais.
Em primeiro lugar é importante deixar claro que, a caminhada por todo o ensino fundamental e o ensino médio, dura doze anos, e nesse tempo, quase todo o processo de desenvolvimento global vai acontecer. A qualidade do aprendizado do seu filho durante esse tempo vai depender muito do respaldo que ele tem fora dos muros da escola e disso vai depender todo o resto da vida dele.

Não adianta achar que, com o início das aulas, você pai e você mãe estão tranquilos até julho. Se não houver uma infraestrutura para embasar o processo de aprendizagem, ela ficará deficitária e essa infraestrutura deve ser embasada por algo imprescindível: ROTINA.

Ao levar meu filho ao pediatra aqui em São Paulo, ele me perguntou sobre limites e rotina e terminou sua orientação com uma sábia frase que divido com vocês: “as crianças precisam saber o que vai acontecer ao longo do dia”.

Para poder aprender e se desenvolver as crianças e adolescentes precisam de dias que transcorram com tranquilidade, aliás, todos nós precisamos. Os dias devem ter horários estabelecidos para acordar, ir à escola, se alimentar, descansar, estudar, praticar outras atividades, cuidar da higiene pessoal e dormir. Não se deve fugir muito disso, ou haverá muita dificuldade na aprendizagem. Dias atribulados, corridos, sem horários para as necessidades básicas nos deixam estressados e isso vale também para as crianças. Ninguém aprende nada em meio ao caos.

Outro item importante é o local onde a criança e/ou adolescente vai fazer as tarefas de casa. È imprescindível que esse ambiente exista, e que seja silencioso e organizado. Os pais, durante o início do ensino fundamental devem acompanhar e supervisionar essas atividades. Isso vai se tornando menos necessário com o passar dos anos, mas o lar e o ambiente devem ser propícios ao aprender.

O terceiro item a ser seguido é o de obedecer rigorosamente ao horário de dormir. Estudos apontam altos níveis de déficit de atenção em crianças que dormem menos do que oito horas por dia. A meu ver, o horário limite para ficarem acordados até os dez anos de idade é vinte e uma horas, isso porque somos um país tropical e de clima muito quente. Na Europa e nos Estados Unidos, crianças vão para a cama no máximo às dezenove e trinta horas. Se for preciso ir se deitar mais cedo até que seu filho estabeleça a rotina, faça-o.

Crianças imitam o comportamento dos pais. Se você quer que seu filho leia, comece a ler, se quer que ele ouça boa música, comece adequando o seu gosto musical. Analise a rotina da sua própria vida e os seus hábitos de sono e alimentação, por exemplo.

Temos vivido um tempo onde muitas crianças são diagnosticadas sem muitos critérios com  portadoras de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) e muitas vezes, o que há de fato é uma criança se comportando de modo desatento e hiperativo por pura influência do ambiente. Estudos recentes apontam que o uso de certa medicação indicada para esses casos, foi feito de forma desordenada nos últimos anos e causou vários problemas por isso. Antes de sair correndo com seu filho para o neuropediatra quando começarem a perceber problemas na aprendizagem faça uma avaliação se essa criança está tendo respaldo ambiental e presencial dos pais para aprender. Parem de terceirizar as suas responsabilidades!

A tecnologia disponível para pesquisa em casa e a tendência a deixarem as crianças na escola em período integral não nos desresponsabiliza, como pais, de sermos parte do processo. Para ilustrar que o que lhes escrevo não é exagero, as escolas costumam realizar no mínimo duas reuniões pedagógicas com os pais durante o ano letivo. Tenho algumas amigas que dirigem escolas públicas e privadas – e pasmem – em ambas, mais de trinta por cento dos pais não comparecem às reuniões! Esses pais não dedicam duas horas no semestre aos seus filhos e á instituição que escolheram para a tarefa e ensiná-los.

Ser pai e ser mãe se tornou papel coadjuvante na vida do indivíduo e por isso é preciso muito mais jogo de cintura e muito mais critério antes de tomar essa decisão. Quando eu decidi que teria um filho só, me lembro de ter ouvido muitos questionamentos, principalmente sobre o fato de que ele não teria irmãos. Acho engraçado que tenham essa preocupação sabendo o quanto é preciso em dedicação, tempo e recurso financeiro para se oferecer uma vida digna a um filho. 

E, antes que digam, não, hoje não vale mais a regra de que quem cria um cria dois!

Escrito por: Viviane Battistella, Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...

Fonte: www.contioutra.com


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