Um roteiro semanal completo de atividades permanentes de alfabetização

Atividades de leitura que envolvam o professor e a turma podem ocorrer todos os dias. (Foto: Mariana Pekin)
Desde que Emilia Ferreiro e Ana Teberosky descobriram o papel ativo das crianças no processo de alfabetização, amplas linhas da Pedagogia passaram a defender que o professor exerça um papel de mediador, que cria situações reais de leitura e escrita que permitam o avanço. É daí que vem a preocupação, que você já conhece muito bem, de construir uma rotina de imersão na cultura escrita, sem amenizar artificialmente a complexidade dela.

Diante dessa necessidade, é preciso entender que os grandes projetos são importantíssimos na alfabetização, mas as chamadas atividades permanentes, aquelas rotineiras, tem um papel fundamental. São elas que garantem o contato constante do aluno com o sistema de escrita.

Por isso, hoje eu quero falar do básico, do arroz com feijão da alfabetização! Abaixo, há um roteiro semanal com atividades de leitura e escrita simples, permanentes e diversificadas. Elas podem ser individuais, em duplas ou em grupos (sempre levando em conta as hipóteses de escrita dos alunos) e contemplam diversos tipos de textos, como listas, artigos informativos, canções etc.

A partir desses modelos, você poderá escolher os textos que desejar, adaptá-los ao tempo de aprendizagem da sua turma (algumas precisam de mais tempo para desenvolver as atividades) e adequá-las à faixa etária. Ah, e um detalhe importante: todos os materiais impressos devem estar em letra de imprensa – se possível, maiúscula – para facilitar a leitura.

Segunda-feira
  • Apresentação, leitura e exploração oral, feita pelo professor aos alunos. Para essa atividade, escolhi o livro A cesta da Dona Maricota, de Tatiana Bellinky. É uma narrativa divertida, toda feita em versos rimados. As crianças adoram!
  • Escrita de texto: lista com nomes de alimentos. Cada aluno deve elaborar uma lista de compras para a sua família. Os silábico-alfabéticos e alfabéticos escrevem sozinhos. Pré-silábicos e silábicos com ou sem valor sonoro podem fazer a tarefa em dupla, com as devidas intervenções do professor. Outra opção é que eles escrevam na lousa e socializem suas escritas com os demais colegas que estejam em hipóteses iguais ou próximas às suas, discutindo modificações para chegar à forma correta. Tanto na primeira como na segunda opção, faça perguntas a respeito das escolhas feitas e peça que leiam a palavra acompanhando-a com o dedo.
  • Leitura de texto: lista de nomes de vegetais. Ofereça uma lista impressa com nomes de vegetais e dite as palavras de forma aleatória. Ao ouvirem o nome, os alunos devem procurá-lo na lista e numerá-lo (Primeira palavra, número 1, segunda palavra, número 2, e assim por diante). Escolha palavras que iniciem com a mesma letra ou com sons próximos, como escarola e espinafre, cenoura e cebola etc. Isso porque, nessa fase, os alunos silábicos com valor sonoro, muitas vezes, se baseiam na primeira letra para ler a palavra, o que faz com que a sequência semelhante se torne um desafio, uma vez que ele precisará das outras letras para identificar as palavras. Se, por exemplo, a lista tiver apenas uma palavra que começa com a letra e, e eu ditar "espinafre", o aluno acertará, mas isso não quer dizer que ele a leu necessariamente.
Terça-feira
  • Apresentação, leitura e exploração oral, feita pelo professor aos alunos. Nesta, sugiro Sabores da América, de Ana Maria Pavez e Constanza Recart. Esse livro é simplesmente maravilhoso: a cada página, encontramos a origem de um alimento do continente americano.
  • Leitura pelos alunos de texto de memória. Faça um cartaz com a letra da canção Fui no mercado comprar café (há uma versão da Eliana e outra da Galinha Pintadinha) e o coloque em um local onde todos tenham boa visão. Cante e leia com os alunos a letra da canção, indicando linha a linha a leitura. Depois, distribua cópias impressas da letra, uma para cada um, e leiam juntos. Peça que os alunos acompanhem a leitura com o dedo e dite palavras a serem procuradas no texto.
  • Escrita de palavras com o alfabeto móvel. Peça que os alunos escrevam nomes de frutas, legumes ou verduras utilizando as peças. Os silábico-alfabéticos e alfabéticos escrevem individualmente e escolhem livremente as letras que usarão. Já os pré-silábicos e silábicos com e sem valor sonoro podem trabalhar em dupla, se necessário, mas devem receber o conjunto de letras correto. O desafio de formar a palavra corretamente sem deixar nenhuma letra de fora leva a criança a confrontar sua hipótese de escrita e avançar rumo à escrita alfabética.
Quarta-feira
  • Apresentação, leitura e exploração oral, feita pelo professor aos alunos. Aqui, vamos retomar um dos textos do livro Sabores da América, usado no dia anterior. Escolhi “A origem do tomate”.
  • Leitura de texto. Os alunos alfabéticos leem para os demais alunos outras páginas do livro, sobre a origem de outros alimentos.
  • Escrita de texto coletivo no formato “Você sabia”. Releia a página do texto sobre o tomate pelo menos duas vezes. Em seguida, peça que os alunos destaquem oralmente as principais informações sobre o fruto. Por fim, eles devem ditar a você, que será a escriba, essas informações para construir o texto na lousa. Uma observação importante: se os alunos não conhecem esse formato “Você sabia”, é preciso oferecer modelos antes.
Quinta-feira
  • Leitura do livro. O escolhido é Rimas saborosas, de César Obeid. Nele, o autor explica como pode ser divertido e gostoso se alimentar bem. O livro traz curiosidades sobre vegetais, receitas e informações nutricionais, tudo escrito em versos cheios de rima.
  • Escrita de texto coletivo em grupos: cartaz. Cada grupo desenha e escreve uma mensagem para compor uma peça que incentive a alimentação saudável para ser exposto em um mural da escola. Um grupo faz o cartaz sobre frutas, outro, sobre verduras, outro, sobre legumes. Não se esqueça de fazer agrupamentos produtivos.
Sexta-feira:
  • Leitura do livro. O último da semana é Poemas e comidinhas, de Roseana Murray.
  • Leitura e cantoria. Cantem e leiam juntos a música O que é que tem na sopa do neném, do Palavra Cantada, nos mesmos moldes da atividade de leitura de textos de memória, feita na terça-feira. Retire apenas a etapa de distribuição de cópias e ditado.
  • Escrita de texto: receita de sopa para neném. Os alunos deverão escrever uma receita de sopa, executando a atividade em duas etapas. Os alunos pré-silabicos e silábicos com e sem valor sonoro escreverão os ingredientes, e os silábico-alfabéticos e alfabéticos ficam com o modo de fazer. Ofereça uma folha impressa com as lacunas de uma receita (espaço para título, ingredientes e modo de fazer) que serão preenchidas. Primeiro, a folha passa pelos alunos de hipóteses iniciais e depois vai para os outros. Todos podem trabalhar em duplas. Deixe que os alunos escolham os ingredientes à vontade e oriente-os para garantir a unidade textual. Por fim, é só socializar as produções para que a turma avalie se o texto ficou claro.
Fonte: Nova Escola
Por: Blog de Alfabetização - Mara Mansani

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