O tempo dos professores deve ser ocupado no processo de ensino e não em burocracias

O Conselho Nacional de Educação de Portugal defendeu que para garantir o sucesso escolar dos alunos é necessário “recentrar a missão docente no essencial ou seja, no processo de ensino/aprendizagem”, em vez de se sobrecarregar os docentes, cada vez mais, com outras tarefas que nada têm a ver com aquele que deve ser o exercício da sua profissão.

O CNE, que é um órgão consultivo do Parlamento e do Governo Português, alerta que “nos últimos anos, as condições de trabalho dos docentes nas escolas têm vindo a tornar-se mais difíceis”, o que contribui para que se registem “processos de stress e burnout [exaustão] ”.

Para o agravamento das condições de trabalho dos docentes têm pesado a existência de salas de aulas “que não respeitam a norma que limita a dois por turma os alunos com necessidades educativas especiais e o número elevado de turmas, alunos e níveis atribuídos a muitos docentes, designadamente os quem leccionam disciplinas com cargas horárias mínimas”.

O tempo dos professores deve ser ocupado no processo de ensino e não em burocracias
Neste parecer considera-se também que a diminuição do número máximo de alunos por turma (que atualmente pode ir até aos 30), já prometida pelo Governo e que se encontra também em apreciação no Parlamento, “pode constituir um sinal relevante para as escolas, os professores, os alunos e os pais”. O CNE pretende que esta medida “seja progressivamente implementada com prioridade para os ciclos iniciais de educação”.

“Torna-se evidente que a condição docente não se combina com a multiplicidade de tarefas que lhe são presentemente atribuídas, antes exige que beneficie de condições de trabalho e de aperfeiçoamento, permitindo-lhe cumprir melhor a sua missão e adaptar-se de forma contínua às novas situações”, escreve o CNE.

Segundo o CNE, recentrar a missão docente no processo de ensino/aprendizagem exigirá também que se defina “com clareza, as funções e as atividades que são de natureza letiva e as que são de outra natureza, substituindo os normativos vigentes sobre esta matéria por um diploma claro, conciso e completo”. "O estatuto dos professores já vai na 15.ª revisão", exemplificou, em declarações à Lusa a conselheira Conceição Ramos, que foi a relatora deste parecer, lembrando que estas mudanças “afetam o que faz o professor”.

Por outro lado, refere o CNE, “não deve ser esquecida a realidade gerada pelos agrupamentos que, amiúde, deu lugar a deslocações de professores entre escolas que, em alguns casos, distam dezenas de quilômetros entre si”. O conselho destaca também a “degradação da vida familiar e social dos alunos, que hoje está muito associada a situações de desemprego e empobrecimento”, que têm contribuído “para gerar um clima de conflitualidade na escola”.

O Conselho Nacional de Educação lembra neste parecer algumas das características do “perfil demográfico” actual do universo dos docentes, nomeadamente o seu “envelhecimento crescente e constante” e o “desequilíbrio quanto ao género em todos os níveis de ensino, sendo o corpo docente maioritariamente feminino”.

Ouvir os alunos

Num outro parecer sobre a organização da escola e a promoção do sucesso escolar, também aprovado nesta quinta-feira, o CNE recomenda que “se ouçam os alunos, que tão esquecidos são, e se escute cuidadosamente o muito que têm para dizer e sugerir, em liberdade, em ordem à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem”.

O conselho considera também que “o ensino profissional deve continuar a ser valorizado positivamente” e alerta, a este respeito, “para a necessidade de se escapar à tentação de criar percursos pobres para alunos com baixo rendimento escolar e com repetências sucessivas”.

“Aquilo que esta franja de alunos mais reclama não é só uma atenção especial e redobrada dos órgãos pedagógicos da escola, como um enriquecimento curricular das propostas educativas que lhes sejam proporcionadas e ainda a uma afectação dos recursos mais qualificados”, frisa-se neste documento. Por estas razões, o CNE recomenda ao Ministério da Educação que incentive “apenas os projectos escolares que fazem dos cursos profissionais uma alternativa positiva e com reconhecimento na comunidade”.
Fonte: publico.pt 

Coloque Seu E-mail:

Para receber novidades em...

COMENTE pelo Facebook:

Postagens Relacionadas

Próximo
Anterior

0 comentários:

Conteúdo para Estudantes, Pais e Professores.

Exercícios, Atividades Educativas, Alfabetização infantil, Atividades Infantis, Atividades Lúdicas, Atividades para Imprimir, Atividades Pedagógicas, Atividades para Professores, Artesanato, Artigos Educacionais, Autismo, Berçário, Moldes para Imprimir, Datas comemorativas, Maternal, Folclore, Planos de Aula, Sequências Didáticas, Planos de Aula, Livros Infantis, Início Ano Letivo, Desenhos para colorir, Imagens Educativas, Notícias sobre os Vestibulares e Enem, Monografias e mais.